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Publicação em periódicos

Qualquer – Arnaldo Antunes

Abaixo, estão reunidos os artigos de verve crítica publicados por Maria Helena Souza Patto em periódicos acadêmicos entre 1979 a 2019. Optamos por organizar este acervo em ordem cronológica, começando pela publicação mais recente e terminando com a mais antiga.

Como a maior parte dos arquivos encontra-se disponível nos sites das Revistas onde foram originalmente publicados, a referência completa inclui o link para acesso. Apenas dois textos, datados de 1982 e 1985, não estavam acessíveis. Nesses casos, cópias em pdf foram criadas e os links para acesso disponibilizados.

Embora não seja exatamente um artigo em periódico acadêmico, foi incluído nessa lista um pequeno texto escrito para uma Cartilha da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, considerando a relevância do documento e o fato de ele estar disponível on-line.

De cada artigo, foi extraída uma citação, para dar o tom do texto. Além disso, sempre que necessário ou possível, foram inseridos links para as referências de arte ou outras feitas pela autora e cujo acesso engrandece a leitura do texto.


PATTO, Maria Helena Souza. O lugar social da psicologia e a formação de psicólogos. International Studies on Law and Education, CEMOrOc-Feusp / IJI-Univ. do Porto, n.33, p. 7-18, set-dez 2019. Disponível em: http://www.hottopos.com/isle33/07-18Patto.pdf 

"É urgente estarmos atentos ao fato de que é exatamente onde reside a força da Psicologia atual que pode também morar a sua fragilidade. Inicialmente monolítico, o currículo vem se transformando gradativamente em um currículo plural que só confundirá os formandos se não os levar a fazer saber como pensar as diferentes correntes teóricas que habitam a área de formação e de profissionalização que escolheram, e se limitá-los a saber fazer algumas técnicas discutíveis de avaliação e de tratamento em seu futuro profissional. Daí a necessidade de uma revisão curricular rumo à aquisição, pelos psicólogos, de saberes filosóficos, sociológicos e políticos que lhes permitam pensar a Psicologia – ou seja, que os forme como intelectuais e não meramente como técnicos que aplicam mecanicamente procedimentos de avaliação psíquica e de psicoterapia dos quais desconhecem os fundamentos" (PATTO, 2019, p. 16).

"Na sociedade defendida por uma nova classe em ascensão e fundada em um modo de produção no qual a classe trabalhadora é explorada e oprimida, tornou-se urgente explicar a divisão de classes por meio de concepções que justificassem a desigualdade das condições de vida sem pôr em questão os alicerces da nova sociedade. Entre os recursos justificadores, a atribuição da pobreza a incapacidades inerentes aos negros e à chamada "classe baixa" produziu uma infinidade de rótulos que, com diferentes palavras, os classificam como incapazes intelectualmente, carentes de habilidades que lhes permitiriam vencer, ascender socialmente, salvo raras exceções que confirmam a regra" (PATTO, 2017, p. 188).

PATTO, Maria Helena Souza. Direitos Humanos e Desigualdade Social. IDE, São Paulo, v. 39, n. 63, p. 185-197, ago. 2017. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31062017000100014


PATTO, Maria Helena Souza. O ensino a distância e a falência da educação. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 2, p. 303-318, 2013. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-97022013000200002

"Valendo-nos da frase Isto não é um cachimbo, sob o desenho  de um cachimbo numa tela célebre de Magritte,  podemos afirmar (...): Uma aula virtual é apenas simulacro  de uma aula presencial" (PATTO, 2013, p. 310).
A alusão feita por Maria Helena em 2013 passou a fazer sentido planetário no contexto de pandemia por Covid-19. Curiosamente, um “meme” com o que fora criticado por ela neste artigo circulou o mundo em 2020.

"Vidas secas não é um tratado de psicologia social, não é relatório de pesquisa nem prontuário de estudo de uma família pobre. Lido assim, o texto desapareceria como obra de arte. Contra essa apropriação da arte, tão comum entre  psicólogos, ouçamos Alfredo Bosi (1985, p.69): 'a Arte não é cópia da natureza  ou dos objetos culturais', mas uma modalidade muito particular de construção  discursiva: é poiésis, representação transfigurada do real para melhor expressá-lo" (PATTO, 2012b, p. 231).
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Para ler Vidas secas, é só clicar aqui.

PATTO, Maria Helena Souza. O mundo coberto de penas. Família e utopia em ‘Vidas Secas’. Estudos Avançados, v. 26, n. 76, p. 225-236, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142012000300022


PATTO, Maria Helena Souza. De gestores e cães de guarda: sobre Psicologia e violência. Temas psicol.,  Ribeirão Preto,  v. 17, n. 2, p. 405-415, 2009. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2009000200012

"Por isso, vale perguntar se na psicologia da  pobreza não está ao mesmo tempo a pobreza e a riqueza da psicologia. Pobre como produtora de saber e, exatamente por isso, poderosa como instrumento de justificação de uma sociedade atravessada de injustiça. Basta examinar laudos emitidos por psicólogos sobre alunos da rede pública de ensino fundamental que apresentam dificuldades de escolarização para encontrar fortes indícios disso. (...) mesmo quando mais elaborados e no formato-padrão ensinado em cursos de psicologia, os laudos falam, com convicção autoritária, de um sujeito abstrato, reduzido a  números e a chavões vincados de arbitrariedade e preconceito; silenciam sobre a realidade social, a política educacional, o cotidiano escolar e podem, por isso, culpar a vítima, situando invariavelmente no aluno e em seu ambiente familiar tomados em si mesmos a origem das dificuldades escolares" (PATTO, 2009, p. 407).

"A análise de teorias da Psicologia como ideologia - feitas de concepções e práticas que encobrem e justificam as mazelas de uma sociedade desigual, injusta e violenta - é antiga, mas está ausente de grande parte dos cursos superiores de formação de psicólogos que, muitas vezes, e cada vez mais, limitam-se ao fornecimento de algumas receitas de técnicas de avaliação psicológica e de psicoterapia, sem qualquer atenção à formação intelectual dos psicólogos" (MELLO; PATTO, 2008, p. 593). 

MELLO, Sylvia Leser de; PATTO, Maria Helena Souza. Psicologia da violência ou violência da psicologia?. Psicologia USP .v. 19, n. 4, p. 591-594, 2008. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-65642008000400013


PATTO, Maria Helena Souza Teoria crítica e ciências da educação: algumas reflexões. InterMeio: revista do Programa de Pós-Graduação em Educação, Campo Grande, v. 14, n. 28, p. 167-176, jul.-dez./2008. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/intm/article/view/2497

"talvez possamos entender a formação de educadores no interior da metáfora da práxis teórica como garrafas atiradas ao mar – no caso, ao mar da educação – e não como treinamento, reciclagem ou aperfeiçoamento, termos que contêm altos teores de coisificação de professores como técnicos do ensino. Educação como formação para o pensamento crítico não é proselitismo político, mas convite à reflexão sobre a vida social e sobre a maneira como cada um participa dela. A base da educação como formação é uma atitude filosófica, em seus momentos de negatividade – de estranhamento do estabelecido – e de positividade – de questionamento ativo do que foi naturalizado" (PATTO, 2008, p. 173).

"Mais de cem anos depois, a continuidade desses mitos sobre o povo e sobre a função social da escola é prova impressionante da força do preconceito, que resiste ao conhecimento alcançado a respeito da complexidade dos determinantes do crime e da própria criminalização das condutas de pobres e negros como prática de natureza política. Na atual conjuntura de desemprego e de permanência da barbárie que sempre marcou a relação de classes no país, está aberta a porta à destituição da escola como instituição de ensino e à transformação dela em lugar de detenção maquiada dos filhos dos pobres e de violência sem precedentes" (PATTO, 2007, p. 245). 

PATTO, Maria Helena Souza. “Escolas cheias, cadeias vazias” Nota sobre as raízes ideológicas do pensamento educacional brasileiro. Estudos Avançados, São Paulo, v. 21, n. 61, p. 243-266, 2007. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40142007000300016


PATTO, Maria Helena Souza. O sentido de uma obra: sobre Sylvia Leser de Mello. Psicologia USP, São Paulo, v. 17, n. 3, p. 11-17, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-65642006000300002 

"Sylvia sempre soube que, sem dialogar com as Ciências Humanas e sem  valer-se da Filosofia e da Literatura, a Psicologia está condenada a um organicismo empobrecedor, mas nada inócuo, pois é pela porta da naturalização do  homem que entra a reificação dele (PATTO, 2006, p. 16)
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Para conhecer mais Sylvia Leser de Mello, é só clicar!

"Entre as concepções inaugurais da Psicologia, apropriadas de modo  muito particular pelos intelectuais brasileiros, as teorias raciais importadas  da Europa no final do século XIX tiveram lugar fundamental na constituição do pensamento hegemônico nacional. Entender a natureza destas teorias  como parte constitutiva do conhecimento científico dominante nas ciências  humanas daquela época, requer o estudo da história social das ideias" (PATTO, 2006, p. 11).  

PATTO, Maria Helena Souza. Apresentação. Dossiê Psicologia e ideologia: o preconceito racial. Psicologia USP, v. 17, n. 1, p. 11-16, 2006. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-65642006000100002


PATTO, Maria Helena Souza. Ciência e política na Primeira República: origens da Psicologia Escolar. Mnemosine, Rio de Janeiro, v. 1, n. 0, Especial de Lançamento, p.203-225, 2004. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/mnemosine/article/view/41357/28626

"Entre os especialistas que pregavam as medidas mais drásticas de 'aprimoramento do povo brasileiro' estavam psiquiatras que se reuniram na Liga Brasileira de Higiene Mental, no Rio, a partir de 1923. (FREIRE COSTA, 1989) A partir da tese da inferioridade racial de um povo mestiço e negro, faziam recomendações carregadas de tintas protofascistas: estímulo a casamentos de não-brancos regeneráveis com brancos hígidos; deixar que os irremediavelmente degenerados se reproduzissem entre si, na esperança de apressar sua extinção; impedir casamentos, vetar a atividade sexual, esterilizar e confinar 'degenerados'. A defesa do branqueamento através de casamentos inter-raciais não vinha da crença na igualdade entre as raças, mas da certeza de que ele era condição de progresso racial e social, o que significava excluir os negros do projeto nacional. Engendrou-se então uma representação social dos pobres que os tinha como inferiores do ponto de visa físico, psíquico e moral. Os adjetivos que os qualificavam nos trabalhos científicos, na imprensa, nos registros policiais, nos processos penais e na linguagem cotidiana eram todos pejorativos, desde 'vadios' e 'incapazes' até 'simiescos' e 'criminosos'" (PATTO, 2004, p. 205).

"A importância de balanços periódicos do estado de coisas vigente numa área de pesquisa é múltipla. (...)  Só assim se podem avaliar as continuidades e descontinuidades teóricas e metodológicas e o quanto esta história se faz por repetição ou ruptura — noutras palavras, o quanto ela redunda ou avança na produção de saber sobre o objeto de estudo. Nesse tecido, sempre em formação, reside a possibilidade de evitar a cristalização do conhecimento e de fazer da pesquisa espaço de produção de saber, que tem como essência o constante movimento" (ANGELUCCI et al, 2004, p. 53).

ANGELUCCI, Carla Biancha; KALMUS, Jaqueline; PAPARELLI, Renata; PATTO, Maria Helena Souza. O estado da arte da pesquisa sobre o fracasso escolar (1991-2002): um estudo introdutório. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 52-72, 2004. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1517-97022004000100004


PATTO, Maria Helena Souza. Direitos Humanos e Atuação na Educação. In: Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (Org.). Os Direitos Humanos na Prática Profissional dos Psicólogos. Brasília: Comissão Nacional de Direitos Humanos. Conselho Federal de Psicologia, 2003, p. 13-15. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2004/05/cartilha_dh.pdf

"Quanto às possibilidades de uma Psicologia na contramão da mera adaptação ao existente, há que se levar em conta: 1) os limites historicamente postos à mudança, sem cair na impotência, pois a Psicologia pode ir muito mais longe do que tem ido no objetivo de colaborar para a redução da desigualdade, mas sem cair na onipotência de querer aboli-la por meio de sua prática profissional; 2) a relevância da crítica epistemológica e ético-política de teorias e técnicas que trazem em seu cerne o elogio do conformismo; 3) a importância de estudar teorias da psique atentas às forças sociais presentes nos processos psíquicos os mais profundos do indivíduo; 4) o domínio de práticas profissionais que não sejam receitas, mas regidas pelo princípio do resgate à condição de sujeitos dos indivíduos que são objeto de pesquisa e de ação profissional dos psicólogos" (PATTO, 2003, p. 15).

"Assim como o século XIX europeu foi lugar dos modos capitalista e anticapitalista de pensar, o entendimento dos problemas sociais no começo do século XX brasileiro não se fez tão-somente de adesão sem reservas ao determinismo biológico ou à sociologia funcionalista, mas também de contestação dessas ideias e de análises do país a partir de outros compromissos políticos presentes em outras referências teóricas" (PATTO, 1999, p. 190-1).
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Para conhecer mais sobre Lima Barreto, clique aqui.

PATTO, Maria Helena Souza. Estado, ciência e política na Primeira República: a desqualificação dos pobres. Estudos Avançados, São Paulo, v. 13, n.35, p. 167-198, 1999. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-40141999000100017


PATTO, Maria Helena Souza. Leôlo, Leolô: o trabalho e o sonho. Psicologia USP, São Paulo, v. 9, n.2, p. 139-150, 1998. disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-65641998000200005 

"O tema de Léolo não é a insânia familiar, mas a condição operária, a descida ao inferno de uma família de trabalhadores pobres de origem estrangeira num país afluente do norte da América. Os 'intestinos fedorentos' não são da família louca, como quis um crítico, mas da própria fábrica, do bairro descuidado (onde ratos invadem as casas e passeiam à noite pelos pratos) e de suas ruelas infectas, cloacas da cidade, cujos restos Léolo e seu irmão remexem para fazer algum dinheiro. A insanidade não é da família, mas da sociedade que se nutre de trabalho desumano e de acintosa pobreza" "PATTO, 1998, p. 141)
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O filme Léolo: porque eu sonho... é de difícil acesso gratuito. Mais informações, clique aqui.

"As práticas de diagnóstico de alunos encaminhados por escolas públicas situadas em bairros pobres constituem, ..., verdadeiros crimes de lesa-cidadania: laudos invariavelmente faltos de um mínimo de bom senso, mergulhados no mais absoluto senso comum produzem estigmas e justificam a exclusão escolar de quase todos os examinandos, reduzidos a coisas portadoras de defeitos de funcionamento em algum componente da máquina psíquica" (PATTO, 1997, p. 49).

PATTO, Maria Helena Souza. Para Uma Crítica da Razão Psicométrica. Psicologia USP, São Paulo, v. 8, n.1, p. 47-62, 1997. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0103-65641997000100004


PATTO, Maria Helena Souza. Teoremas e cataplasmas no Brasil Monárquico: O caso da Medicina Social. Novos Estudos CEBRAP, São Paulo, v. 1, Ed. 44, p. 180-199, mar. 1996. Disponível em: http://novosestudos.com.br/produto/edicao-44/#59155e8993897

"O que parece exercício do poder absoluto pelo médico é, portanto, crítica às concepções políticas autoritárias que circulavam, referendadas pelo ideal comtiano de sociedade, ele também na mira de Machado (...) a Casa é verde, a cor das vestes rituais que os seguidores brasileiros usavam no Templo Positivista" (PATTO, 1996, p. 197).
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"Cézanne e os melhores artistas seus contemporâneos exerceram um modo todo especial de dissidência: realizaram o espírito na mais materialista das civilizações. … empenharam-se num projeto de renovação estética, cuja realização exigia nada menos do que uma vida inteira dedicada ao trabalho enquanto atividade vital difícil, mas generosa” (PATTO, 1995, p. 134).
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Para conhecer a arte de Cézanne, é só clicar!

PATTO, Maria Helena Souza. O elogio do trabalho (sobre Paul Cézanne). Discurso, [S.l.], n. 25, p. 121-152, 1995. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.1995.37997


PATTO, Maria Helena Souza. Conceito de cotidianidade em Agnes Heller e a pesquisa em educação. Perspectivas: Revista de Ciências Sociais, São Paulo, v. 16, p. 119-141, 1993. Disponível em: https://periodicos.fclar.unesp.br/perspectivas/article/view/775 

"o que parecia ser apenas um problema de atingir uma coerência entre teoria e método, revelou-se, acima de tudo, uma questão de procura de uma teoria que superasse não só as versões funcionalistas sobre a relação escola-sociedade, mas também as concepções críticas da escola que a veem apenas como instituição reprodutora da ideologia e das relações sociais de produção - ou seja, como instituição homogeneizante e totalmente determinada pela estrutura social e pela vontade estatal. Configurou-se, noutras palavras, a necessidade de uma teoria que possibilitasse estudar a escola (...) como lugar de controle estatal e de apropriações desse controle pelos seus destinatários, como lugar de dominação e de rebeldia, de reflexo e de criação, levados a efeito por sujeitos individuais que tecem ativamente a vida na escola" (PATTO, 1993, p. 120).

"Tanto as teorias racistas e do caráter nacional formuladas na Europa no decorrer do século dezenove, como as teorias que as sucederam com o surgimento da Psicologia científica, serviram para justificar as condições de vida muito desiguais de grupos e classes sociais no mundo da suposta 'igualdade de oportunidades'." (PATTO, 1992, p. 109)

PATTO, Maria Helena Souza. Família pobre e a escola pública: anotações sobre um desencontro. Psicologia USP, São Paulo, v. 3, n. 1-2, p. 107-121, 1992. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/34463


PATTO, Maria Helena Souza. O fracasso escolar como objeto de estudo: anotações sobre as características de um discurso. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), São Paulo, n. 65,  p. 72-77, mai. 1988. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/index.php/cp/article/view/1198

"o pressuposto da deficiência dessas crianças ainda é a pedra de toque das explicações das vicissitudes de sua escolarização e das decisões técnico-administrativas que visam superá-las. Mais uma vez, estamos diante da força da ideologia num país marcado pelo colonialismo, pela escravidão, pelo modo capitalista de produção e pelas artimanhas culturais que o justificam. A medicalização do fracasso escolar e sua explicação sutilmente calcada no preconceito racial e social ainda estão em vigor em plena década de oitenta" (PATTO, 1988, p. 76).

"Aproximar-se do aluno difícil, num contexto escolar, de modo a tentar compreender a maneira como ele vive, reage, atua, pensa e sente, é o único caminho, desta perspectiva filosófica, para aliar-se a ele no desvelamento do significado de suas experiências" (PATTO, 1986, p. 35). 

PATTO, Maria Helena Souza. Atendimento ao aluno “difícil”. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 6, n. 2, p. 35, 1986. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-98931986000200014


PATTO, Maria Helena Souza. A criança da escola pública: deficiente, diferente ou mal-trabalhada? In: COORDENADORIA DE ESTUDOS E NORMAS PEDAGÓGICAS DA SECRETARIA DA EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Projeto IPÊ. São Paulo: CENP/SEDUC-SP, 1985, p. 30-41. Disponível no link

"Sem dúvida, é importante pensar no que poderia ser feito no sentido de tornar os educadores menos preconceituosos, mais próximos e mais solidários com as crianças da escola pública e com suas famílias. Mas essa reflexão só pode ser feita se pensarmos criticamente toda a política educacional neste país, todo o sistema escolar marcado de cima a baixo pelo autoritarismo. A desumanização das relações interpessoais está presente em todas as relações que se estabelecem no sistema escolar e no interior das escolas e todos que ocupam posições hierarquicamente subalternas no contexto educacional são ao mesmo tempo dominadores e dominados. É na tomada da consciência disso, através de uma reflexão crítica aberta e constante dos profissionais do ensino e dos usuários da escola sobre suas crenças e suas práticas, que o processo de produção do fracasso escolar poderá começar a ser cotidianamente revisto" (PATTO, 1985, p. 40-1).

"Queremos transformar o psicólogo num cientista do humano, não um técnico em Psicologia. O seu papel é de transformação social e nessa linha a Psicologia está se desenvolvendo. O psicólogo irá trabalhar com relações de poder e submissão, com que estamos impregnados. Acho que aí existe um trabalho maravilhoso para o psicólogo, porque o poder não é uma coisa solta, localizado apenas na macro estrutura" (SAVIANI et al, 1984, p. 33).

SAVIANI, Dermeval et al. Política educacional e formação profissional do psicólogo. Psicologia: Ciência e profissão, v. 4, n. 2, p. 24-33, 1984. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-98931984000200006


PATTO, Maria Helena Souza. A criança marginalizada para os piagetianos brasileiros. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), n. 51, p. 3-11, nov. 1984. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/index.php/cp/article/view/1456

"os ecos da leitura piagetiana do processo de desenvolvimento da inteligência em crianças pobres chegaram até nós; o pressuposto de que a passagem do período pré-operacional para o operacional concreto e deste para o do pensamento abstrato estaria prejudicada entre elas norteou algumas das tentativas pedagógicas de reversão dos efeitos negativos da pobreza sobre o desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem escolar" (PATTO, 1984, p.4).

"Se 'a ausência de senso crítico é a sepultura da ciência e da investigação, pois neste caso elas se processam com ingênua segurança num terreno profundamente problemático' (Kosik, 1969), então estamos sepultando a psicologia antes mesmo de experimentá-la como ciência possível, de sujeitos históricos reais" (PATTO, 1982, p.16).

PATTO, Maria Helena Souza. O Papel social e a formação do psicólogo: contribuição para um debate necessário. Boletim de Psicologia, v. 34, p. 82-83, 1982. Disponível no link


MALTA CAMPOS, Maria M, PATTO, Maria Helena Souza & MUCCI, Cristina. A creche e a pré-escola. Cadernos De Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), São Paulo, n. 39, p. 35–42, 1981. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/1618

"Sabemos que as creches foram criadas principalmente para resolver a necessidade do sistema de exploração da mão de obra feminina. A preocupação com o que acontece com a mulher trabalhadora, enquanto mãe, é praticamente inexistente nos programas de atenção às crianças de zero a seis anos. O que se tem em vista é liberar essa mãe do seu papel materno, durante o dia, para que ela possa vender baratíssima a sua força de trabalho". (CAMPOS, PATTO & MUCCI, 1981, p. 39)

"as dificuldades do aluno sejam elas de aprendizagem das matérias escolares, de motivação para aprender, de ajustamento aos padrões e normas de conduta vigentes na escola ou de comparecimento à escola, encontrarão sua explicação mais adequada quando ... colocadas na trama de inter-relações de suas condições familiares, de características profissionais do professor, de aspectos estruturais e dinâmicos da escola e todos estes aspectos, por sua vez, inseridos num contexto social mais amplo que os engloba e determina" (GATTI et al., 1981, p. 4).

GATTI, Bernadete; PATTO, Maria Helena Souza; COSTA, Marisa L. da; KOPIT, Melany; ALMEIDA, Romeu M. de. A reprovação na 1ª série do 1º grau: um estudo de caso. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), São Paulo, n. 38, p. 3-13, 1981. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/index.php/cp/article/view/1608


COPIT, Melany S.; PATTO, Maria Helena Souza. A criança pobre-objeto na pesquisa psicológica. Cadernos de Pesquisa (Fundação Carlos Chagas), São Paulo, n. 31, p. 6-9, 1979. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/index.php/cp/article/view/1659

"A criança coisificada, partida, descontextualizada, gerada pela psicologia em nome de uma pretensa neutralidade científica, é um objeto fácil de manipulação, em nome de interesses econômicos dos grupos que detêm o poder; atesta esta verdade a criança marionete dos programas de modificação de comportamento, dos programas de educação compensatória, das baterias de testes psicológicos, todos baseados em concepções ideológicas a respeito do ambiente social, dos vínculos existentes entre as agências socializadoras e a sociedade e das relações entre os homens que vigoram numa sociedade de classes" (COPIT, PATTO, 1979, p. 9).